
Ícaro Conceição, um chef renomado, construiu sua carreira de sucesso na Austrália graças ao seu intercâmbio, onde aprimorou seu inglês e conquistou seu espaço na gastronomia. Descubra sua trajetória e inspire-se para a sua própria jornada!
A decisão de se mudar para a Austrália, fazer intercâmbio e uma carreira
Desde jovem, sempre sonhei em conhecer diferentes culturas e explorar novos sabores. Meu primeiro contato com essa paixão foi através da leitura de Em Busca do Prato Perfeito, de Anthony Bourdain. Entre tantas histórias fantásticas que ele contava, uma me marcou profundamente: sua experiência no Vietnã, onde provou um coração de cobra ainda pulsando dentro de um shot de bebida alcoólica. A descrição desse momento foi o suficiente para despertar em mim algo profundo: eu queria viver experiências assim, descobrir o mundo através da comida, entender culturas pela forma como se alimentam. E foi assim que, sem saber, minha jornada na gastronomia começou.
Minha formação em Gastronomia e Hotelaria no Senac me deu a base técnica, mas minha verdadeira escola foi dentro do açougue e da fábrica de linguiça da minha família. Cresci rodeado pelo cheiro de carne fresca e pelo barulho das facas afiadas, aprendendo desde cedo a arte de cortar e preparar os melhores cortes. O mundo das cozinhas profissionais veio depois, mas foi essa vivência que me ensinou o valor do trabalho duro e a importância do respeito pelos ingredientes.
Para um brasileiro, as opções de intercâmbio são limitadas. Normalmente, os destinos mais comuns são Canadá, Estados Unidos, Irlanda, Austrália e Nova Zelândia. No meu caso, a Austrália me pareceu a escolha ideal. O salário de um cozinheiro no Brasil não me permitiria viajar o mundo como eu desejava, então decidi que a melhor estratégia seria ganhar em dólar. Assim, fui até uma agência de intercâmbio, fiz os trâmites necessários e embarquei rumo à Austrália sem olhar para trás.
A decisão de partir não foi apenas lógica, mas emocionalmente intensa. Enquanto fazia as malas, senti uma mistura de empolgação e medo. Como seria a minha vida em um país tão distante? Conseguiria me adaptar? A ideia de deixar minha família para trás era um peso constante no peito. No avião, olhando pela janela, tentei absorver a ideia de que minha vida estava prestes a mudar completamente. Quando pisei em solo australiano, a realidade bateu forte: tudo era novo, desconhecido, desafiador. O sotaque australiano parecia indecifrável, os costumes eram diferentes, e a sensação de estar sozinho em um lugar onde ninguém me conhecia era assustadora. Mas ao mesmo tempo, era exatamente isso que eu queria. A chance de recomeçar, de construir algo do zero.
Os primeiros dias foram duros. Tive que aprender a navegar pelo transporte público, entender como abrir uma conta no banco, lidar com burocracias que antes eu nunca tinha enfrentado. A solidão era um desafio à parte. Nas primeiras noites, me perguntei se tinha feito a escolha certa. Mas não havia tempo para hesitações. O próximo passo era encontrar um emprego e começar minha jornada de verdade. Logo percebi que cozinheiros sempre são necessários em qualquer lugar do mundo e que minha escolha tinha sido acertada. O que eu não sabia era que essa decisão mudaria completamente minha vida e abriria portas que eu jamais imaginaria.

